Tesouro Direto: prefixados saltam após IPCA acelerar e se aproximam do recorde do ano

A alta das taxas dos títulos americanos e a divulgação de uma inflação maior em setembro movimentaram a curva de juros brasileira, refletindo nos títulos públicos

As taxas do Tesouro Direto dispararam ao longo da sessão desta quarta-feira (9), após dados da inflação de setembro mostrarem uma alta nos preços, depois da queda do mês anterior.

Os títulos de prazo mais curto foram os que sofreram a maior variação, dada a influência que a inflação de curto prazo exerce sobre as taxas de juros.

Na véspera, o Tesouro Prefixado 2027 fechou com uma taxa de 12,30%. Na abertura desta quarta-feira, essa taxa subiu para 12,39%, e na última atualização do dia, alcançou 12,57%, com a possibilidade de marcar um valor ainda maior no fechamento.

O prefixado médio, com vencimento em 2031, também teve uma grande abertura nos prêmios. Os 12,33% do fechamento anterior passaram a 12,58% na última atualização de hoje, após uma abertura de 12,44%.

Para o título de 2027, o valor de 12,57% de prêmio é um novo recorde do ano, enquanto a taxa de 12,58% se aproxima do maior patamar de 2024, que foi de 12,65%, verificado em julho.

O movimento dos títulos seguiu a curva dos juros futuros, que abriram mais de 20 pontos-base nesta quarta-feira. Segundo especialistas ouvidos pela Reuters, o impulso local veio do exterior, com o aumento dos rendimentos dos Treasuries americanos.

Lá fora, o mercado aposta que o próximo corte de juros do Federal Reserve deverá ser menor do que o anterior, passando de 50 pontos-base para 25 pontos-base em novembro.

“Isso contaminou os mercados emergentes, com o dólar mais forte também. Hoje, o Brasil está com performance até pior que os demais emergentes”, afirmou Felipe Garcia, chefe da mesa de operações do C6 Bank, à Reuters, ao justificar o avanço firme das taxas dos DIs.

Mas o IPCA não passou despercebido. O indicador oficial de inflação subiu 0,44% em setembro e acumulou alta de 4,42% em 12 meses – uma forte aceleração em relação ao resultado de agosto, quando cedeu 0,02%.

Para os especialistas, isso gera preocupação no mercado, que entende que a Selic terá que se manter elevada por mais tempo.

Os títulos de inflação não repercutiram tanto na curva de juros quanto os prefixados. O IPCA+ 2029 teve a maior abertura: saiu de um prêmio de 6,60% na véspera para 6,70% na última atualização do dia — um patamar muito próximo do recorde de 6,72% em 12 meses, verificado em 23 de setembro.

Já o IPCA+ 2035 subiu de 6,36% para 6,40% — mais distante do recorde de 6,58% marcado em julho.

Deixe um comentário